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25 de novembro de 2012

Deu na imprensa: rios sob ameaça em Belém


Ariri e Maguari sofrem com a ocupação irregular de suas margens
ANNA PERES

Da Redação (O Liberal Atualidades - 25/11/2012)

A paisagem ainda é bonita, mas o odor desanima quem se aventura por um passeio no rio Ariri, no limite entre os municípios de Belém e Ananindeua. Segundo o ambientalista e coordenador técnico do Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Ilhas, Evandro Ladislau, a manutenção da mata ciliar, mesmo sob fortes ameaças do crescimento urbano, é o que mantém o rio a salvo de se transformar em mais um canal. Mas até quando? "Do ponto de vista de suas águas, o rio já começou a morrer. O que o mantém vivo é a sua mata ciliar, se ela for retirada nada vai diferenciá-lo de um canal, como ocorreu com o São Joaquim", alertou.

Ambientalistas como Ladislau pretendiam aproveitar o Dia do Rio, comemorado ontem, 24, para chamar atenção para a causa dos mananciais em risco permanente de degradação. "Todo mundo quer a expansão da cidade, mas ninguém se preocupa com a preservação de áreas importantes para a manutenção dos rios, de um clima tolerável e das condições de sobrevivência das populações tradicionais", disse.

Enquanto o rio Ariri agoniza lentamente por conta do esgoto despejado indiscriminadamente em suas águas, outro rio, o Maguari, é ameaçado pelo avanço urbano sobre sua mata ciliar, processo que se acelerou consideravelmente nos últimos anos e pode ser constatado em um rápido passeio pelo rio, que, em breve, deve receber uma ponte ligando as ilhas de Outeiro e Mosqueiro. "Não somos contra a construção da ponte, o que nos preocupa é a realização do empreendimento antes da garantia de preservação ambiental da área. Se observarmos, o simples anúncio da construção da ponte foi suficiente para despertar o interesse do mercado imobiliário pela região", diz.


O mais curioso, segundo Ladislau, é que a preservação dos dois rios deveria estar assegurada por lei municipal desde 1993, época do primeiro Plano Diretor Urbano (PDU) de Belém, que previa a preservação e recuperação de ecosistemas de interesse ambiental na cidade. Em 2008, a revisão do PDU foi ainda mais longe e estipulou a criação de 30 zonas especiais de interesse ambiental em todo o território de Belém – continental e insular – entre elas o Parque Ariri e a Orla do Maguari, justamente para garantir a conservação dos rios. Hoje, quatro anos depois, apenas seis dos 30 projetos estão regulamentados, ainda assim pelo menos três deles são pré-existentes: o Bosque Rodrigues Alves, o Museu Emílio Goeldi e o Parque Ambiental do Utinga.

Nas águas escuras e fétidas do rio Ariri, a presença de peixes é pouco provável. Já no rio Maguari eles começam a ficar escassos. Mesmo assim, ainda é dessas águas que o pescador João dos Santos, 43 anos de idade, mas aparentando ter muito mais por conta do sol e da vida sofrida sobre as águas, tira o sustento da família. Na companhia do neto, que conduzia a embarcação utilizando um remo, ele tinha passado quase dez horas da última quinta-feira, no rio, em busca de peixes. "Para conseguir alguma coisa tem que ir lá fora", disse. Lá fora é cada vez mais longe da margem degradada do rio e do pequeno pescador, remando contra a maré do crescimento urbano desordenado para sobreviver.

12 de outubro de 2012

Belo Monte: MPF insiste na Justiça que Norte Energia precisa cumprir condicionantes


Procuradores se manifestaram no processo sobre a mais recente ocupação de indígenas no canteiro de obras

O Ministério Público Federal foi chamado a se manifestar no processo em que a Norte Energia S.A pede a reintegração de posse contra indígenas, pescadores e agricultores que paralisaram as obras de Belo Monte ao ocupar o canteiro de obras essa semana. As procuradoras da República Meliza Barbosa e Thais Santi mostraram ao juiz os pedidos feitos em ação cautelar anterior, para suspensão da licença de instalação de Belo Monte por descumprimento das condicionantes.

Para o MPF, a causa da paralisação é a demora da Norte Energia em cumprir as condições mínimas estabelecidas pelo Ibama para as obras, o que está causando colapso em vários serviços públicos da região e danos às condições de vida das populações afetadas. Desde 23 de julho, a Justiça Federal em Belém está com uma ação cautelar para suspender a obra e obrigar o cumprimento das condicionantes, que não foi julgada.

“As condicionantes estabelecidas na licença prévia não foram cumpridas, sendo postergadas e incorporadas na licença parcial de instalação e, posteriormente, na licença de instalação, fase na qual continuam sendo tratadas pelo empreendedor como mero requisito formal, cujo cumprimento pode ser diferido no tempo, divorciado de qualquer cronograma ou promessa que seja necessária para garantir que as obras continuem, mesmo que o custo socioambiental deste comportamento seja insustentável”, diz o texto da ação assinada pelos procuradores da República Felício Pontes Jr., Ubiratan Cazetta, Meliza Barbosa e Thaís Santi.

Os indígenas, pescadores, ribeirinhos e agricultores acampados no canteiro da usina enviaram cartas e declarações com suas reivindicações em que enumeram as condicionantes não cumpridas. “Declaramos que essa manifestação é pacífica e tem por objetivo a busca pelo respeito aos direitos dos povos impactados direta e indiretamente pela UHE Belo Monte e o cumprimento das condicionantes e acordos já firmados”, dizem na carta. 

O MPF está acompanhando o processo de negociação no canteiro de obras de Belo Monte. O processo judicial que trata da desocupação do canteiro tramita na Vara Federal de Altamira. O processo judicial que trata do descumprimento das condicionantes da obra aguarda juilgamento na 9ª Vara Federal em Belém.

Processo que pede paralisação das obras por descumprimento de condicionantes: 20224-11.2012.4.01.3900 – 9ª Vara Federal em Belém

Processo em que a Norte Energia pede a desocupação do canteiro de obras: 2450-56.2012.4.01.3900 – Vara Federal de Altamira


4 de outubro de 2012

Luta contra as alterações no PDU e em defesa do Centro Histórico




Sociedade civil mobilizada luta contra projetos de alteração do Plano Diretor da cidade apresentados pelos vereadores Gervásio Morgado e Raimundo Castro.

Os projetos visam aumentar o gabarito e a área de construção o Centro Histórico da  cidade, em seu entorno e na Almirante Barroso.

O Projeto de Morgado propõe mudar de 1.3 para 3.0 o gabarito de construções nas avenidas João Paulo II, Almirante Barroso e parte da Pedro Álvares Cabral, à altura do Entroncamento, para permitir que edifícios de até 40 andares, condomínios horizontais de luxo, grandes lojas de departamentos e shoppings centers sejam construídos numa região sem a mínima infraestrutura para suportar atividades de grande porte.

No centro histórico, o Vereador Raimundo Castro pretende alterar o limite de 19 metros para a construção de prédios para até 40 metros, o que equivalem a aproximadamente 18 andares.

Os dois projetos tem em comum o fato de não apresentarem nenhum  estudo técnico que permita saber os impactos que serão causados por essas alterações.

Após muitas lutas e mobilizações, as organizações da sociedade civil conseguiram um acordo com o Presidente da Câmara, Vereador Raimundo Castro, para que o projeto do Vereador Gervásio Morgado seja derrotado e as propostas de alteração do PDU sejam precedidas de reuniões técnicas e com a sociedade através de um Fórum de Desenvolvimento Urbano.

Está reunião ocorreu no dia 02/10/2012, após protesto realizado em frente à Igreja da sé no dia 25/09/2012. Os protestos e reuniões estão sendo organizado pelo Fórum Belém, Ong no Olhar, Rede voluntária de Educação Ambiental, Fórum de Cultura e o Partido Verde de Belém.

Vamos construir uma Belém sustentável!


3 de outubro de 2012

Hidrelétricas e estradas financiadas pelo governo ameaçam indígenas na Amazônia, diz estudo


Estudo elaborado pelo Observatório dos Investimentos na Amazônia, iniciativa do Instituto de Estudos Socioecômicos, deixa claro que os investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), provocarão grandes transformações nos modos de vida e nos territórios onde vivem cerca de 30 povos Indígenas na região amazônica Desde 2007, os investimentos do programa somam cerca de R$ 45 bilhões para construção de estradas e usinas hidrelétricas (UHE) apenas nas regiões Norte e Nordeste, onde encontra-se a maioria dos povos indígenas.
O estudo mostra que há no PAC a previsão de se construir 82 estradas e hidrovias, sendo 37 no estado do Amazonas, 14 em Rondônia, e 10 no Pará. Dessas 82 obras, ao menos 43 projetos de larga escala afetam pelo menos uma Terra Indígena, comprometendo a floresta, a biodiversidade e os modos de vida das populações.
A pavimentação da BR 319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), é a obra rodoviária programada no PAC que mais impacto provocará às populações indígenas.
Além de afetar áreas habitadas por índios e comunidades tradicionais, exacerbando as tensões e conflitos por terra que ocorrem atualmente na região, a BR 319 irá conectar o Arco do Desmatamento (especialmente o trecho norte do Mato Grosso – sul do Amazonas – Rondônia) com a Amazônia Central, área de floresta contínua mais preservada da região, ocasionando mais desmatamento e degradação.
Segundo o estudo, o mapa dos projetos no setor de transportes evidencia a expansão e adensamento da infraestrutura em direção à fronteira do Brasil com o Peru e a Bolívia. Movimento semelhante ocorre com as obras do setor energético.
Hidrelétricas
O volume de recursos destinados às regiões Norte e Nordeste pelo PAC foram expressivos. Isso se explica pelo fato dessas regiões abrigarem os grandes projetos do setor de energia do programa. Somente em 2011, o BNDES investiu cerca de R$ 5,2 bilhões para a construção de usinas hidrelétricas em importantes rios amazônicos como o Xingu e Tapajós, ambos no Pará, e Telles Pires, no Mato Grosso.
O estado do Pará concentra a maior parte das usinas hidrelétricas (UHE) planejadas na Amazônia. São nove, sendo sete de tipo plataforma – Jardim do Ouro, Chacorão, Jatobá, São Luiz do Tapajós, Cachoeira do Caí, Jamaxim e Cachoeira dos Patos. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) qualificou os quatro primeiros projetos como de “interesse público da União”, devendo ser priorizada sua licitação e implantação.
Segundo o manifesto dos povos indígenas Kayabi e Munduruku contra o aproveitamento hidrelétrico no Rio Teles Pires, a construção da usina de Chacorão inundará de cerca de 19 mil hectares da Terra Indígena Munduruku, o que obrigará o deslocamento e reassentamento das comunidades.
Além de afetar Terras Indígenas no Pará e no Tocantins (Sororó, Apinayé, Mãe Maria e Xambioá), a usina hidrelétrica de Santa Isabel, localizada no baixo rio Araguaia, a cerca de 162 km de sua confluência com o rio Tocantins, terá impactos diretamente também sobre o Parque Estadual Serra dos Martírios–Andorinhas, a APA São Geraldo do Araguaia e a APA Lago de Santa Isabel.
- Esse empreendimento, assim como outros que estão em curso na Amazônia, viola tratados internacionais de Direitos Humanos e dos Direitos dos Povos Indígenas, em particular. Eles agravarão a erosão genética e a depredação do patrimônio biológico e cultural do país – diz Ricardo Verdum, autor do estudo.
O estudo aponta que praticamente 90% das Terras Indígenas afetadas por empreendimentos energéticos do PAC já se encontram em situação de risco. Isso se deve é à presença de madeireiras, mineração, empreendimentos e invasões para fins diversos. Além disso, ao menos em cinco dessas terras foi constatada a presença de comunidades em situação de isolamento voluntário,conforme dados obtidos da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
As hidrétricas financiadas com o dinheiro público são alvos de contestações pelo Ministério Público pelo fato de governo ter autorizado as obras sem consultar previamente os índios e as populações ribeirinhas.
- Em alguns casos, os impactos socioculturais em ambientais poderão ser irrecuperáveis”, alerta Ricardo Verdum, autor do estudo. Monitorar e garantir o acesso às informações sobre a atuação do banco no PAC é de fundamental importância à democracia no país. Todos nós, de diferentes maneiras, somos afetados – afirma o autor.
Clique aqui para ter acesso a íntegra do estudo.
Por: Jaime Gesisky
Fonte: Terra Magazine/ Blog da Amazônia 

22 de setembro de 2012

Dia mundial sem carro


Foto: Maurício Lima
O dia mundial sem carro é um movimento que começou em algumas cidades da Europa nos últimos anos do século 20, e desde então vem se espalhando pelo mundo, ganhando a cada edição mais adesões nos cinco continentes. Trata-se de um manifesto/reflexão sobre os gigantescos problemas causados pelo uso intenso de automóveis como forma de deslocamento, sobretudo nos grandes centros urbanos, e um convite ao uso de meios de transporte sustentáveis - entre os quais se destaca a bicicleta.

Não preciso falar dos problemas causados pelo uso intensivo de carros em Belém, isso experimentamos todos os dias nas ruas de nossa cidade. Pois convivemos, segundo dados do DENATRAN de julho deste ano,  com uma frota  de 336.004 veículos somente em Belém. Nos últimos 10 anos a frota da cidade cresceu 121, 53%.

Estudos do DETRAN, divulgado no Amazônia Jornal do dia 22/09, estimam que em 2021 serão 800 mil veículos somente em Belém e 1,2 milhão na RMB. Se nada for feito, nos próximos três anos nossos carros se arrastarão nos principais corredores de nossa cidade a uma velocidade média de 7 a 15 km/h. Com a redução do IPI para automóveis onde vamos chegar?

Vamos refletir sobre isso?


21 de setembro de 2012

Dia da árvore: temos o que comemorar?

Conversando com os alunos das escolas Helena Guilhon e Dilma Catete sobre florestas urbanas, percebi que nesse dia da árvore os moradores de Belém não tem muito o que comemorar. 

O IBGE revelou que Belém é cada vez menos arborizada. Em plena Amazônia, detemos o título de cidade com o pior índice de arborização do País (24,4%), enquanto Goiânia chega a quase 90% de domicílios com arborização nas quadras e entorno.

De 1986 a 2006, segundo dados do IMAZON, deixamos que o processo irracional de desenvolvimento urbano nos privasse de 219 km² de nossas florestas remanescentes na Região Metropolitana de Belém (RMB). Foi como permitir o desmatamento da ilha do Mosqueiro como um todo. No período entre 2001 e 2006 perdemos silenciosamente o equivalente à área de 27 Bosques Rodrigues Alves por ano. Infelizmente o IMAZON não atualizou os dados sobre o desmatamento em Belém, mas a situação não deve ter melhorado. 

Pesquisa recente do IBGE revelou que a RMB concentra na atualidade uma proporção assustadora de 89% de sua população, ou absurdos 1.131.268 pessoas, vivendo em áreas de ocupação desordenada. É a maior proporção de pessoas em favelas entre todas as regiões metropolitanas do País, um desafio à criatividade humana para tentar colocar árvores nesses locais. 

De forma absurda as autoridades locais, insensíveis ao problema, favorecem ainda o processo de especulação imobiliária liberando criminosamente áreas antes protegidas pelo Plano Diretor Urbano, como no caso da floresta da orla do rio maguari, para a construção de condomínios fechados, além do anuncio irresponsável de obras, como a ponte ligando a ilha de Caratateua ao Mosqueiro, sem antecipar medidas de proteção das florestas remanescentes.

Esse quadro de desordem urbana e miopia política parece desanimador, mas ao ver o entusiamo daqueles jovens com a cabeça cheia de idéias transformadoras, renovei minha esperança de que, com a participação da sociedade e o aperfeiçoamento de nossas instituições políticas, podemos construir uma nova civilização tropical que veja em suas florestas e em sua diversidade um motor para o seu desenvolvimento e para a promoção da qualidade de vida, não um empecilho. Nesse momento eleitoral, não deixe de pensar nisso antes de votar.
Por uma Belém Ecópole da Amazônia. Crendo no futuro: Feliz dia da árvore! 

Bembelelém 
Viva Belém!
... ... ... 
Cidade pomar

Manoel Bandeira

13 de setembro de 2012

Oportunidade: Instituto Mamirauá seleciona bolsista de pesquisa

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) está Realizando processo Seletivo de bolsista para integrar o Grupo de Pesquisa em Agroecologia e Programa de Manejo de Agroecossistemas (PMA).

O IDSM, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação tem como missão a conservação da biodiversidade amazônica através do manejo sustentável e participativo dos recursos naturais e oferece apoio ao CEUC (Centro Estadual de Unidades de Conservação) na gestão das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã (RDSM e RDSA, respectivamente).

O Grupo de Pesquisa em Agroecologia foi criado em 2009 e atua com o Programa de Manejo de Agroecossistemas (o antigo Programa de Agricultura Familiar), gerando conhecimento científico sobre manejo agrícola dos ribeirinhos amazônicos, a fim de subsidiar a gestão de Unidades de Conservação de Uso Sustentável na região Amazônica. O PMA iniciou suas atividades na Reserva Mamirauá em 1994 e na Reserva Amanã em 2002. Os quatro objetivos do programa são: Estimular a melhoria do manejo dos agroecossistemas; Estimular a diversificação produtiva como estimulo à segurança alimentar e geração de renda; Apoiar a organização dos produtores para a comercialização; e Estimular a conscientização ambiental e cidadã.

O profissional a ser selecionado atuará diretamente com os agricultores das RDSs Amanã e Mamirauá, fazendo pesquisa etnográfica sobre os sistemas tradicionais assim como acompanhando a implementação, manejo e processo de apropriação pelos agricultores das novas práticas. O Profissional trabalhará em colaboração com a equipe técnica da extensão do PMA.

Leia o edital completo em: Instituto Mamirauá

Parecer reitera posição do MPF pela paralisação de Belo Monte

Segundo o parecer, a reclamação da AGU deve ser considerada improcedente diante da exigência constitucional de oitiva prévia das comunidades indígenas afetadas pelo empreendimento


A Procuradoria Geral da República enviou ao Supremo Tribunal Federal parecer de mérito na reclamação (Rcl 14404) ajuizada pela União para suspender liminar que determinou a paralisação das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Segundo o documento assinado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, a reclamação não deve ser conhecida e, sucessivamente, deve ser considerada improcedente. Liminar na reclamação já foi concedida pelo presidente do STF, ministro Ayres Britto.

A reclamação foi ajuizada com o pedido final para que seja anulado o acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que suspendeu as obras, por desrespeitar a decisão proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento da Suspensão de Liminar (SL) nº 125.

O parecer argumenta que a SL nº 125 jamais foi submetida ao plenário da Corte Suprema. “Houve apenas a decisão singular da Presidente do STF e, quando provocada mediante agravo regimental, teve este por prejudicado em razão do julgamento de mérito da ação civil pública”, diz. Para a PGR, só seria possível o manejo da reclamação para preservar a declaração de constitucionalidade do Decreto Legislativo 788 (que autorizou Belo Monte) se esta fosse uma decisão do plenário do STF, e não uma decisão monocrática da então presidente da Corte.

O parecer destaca ainda um aspecto de conteúdo que inviabiliza a reclamação, tendo em vista jurisprudência do STF: a falta de identidade material entre a decisão reclamada e aquela tida por paradigma. Isto porque, segundo a PGR, a decisão proferida na SL 125 teve o plano da constitucionalidade e o acórdão reclamado julgou o feito exclusivamente à luz da Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho.

Eficácia – Os autores consideram ainda que, caso superadas as objeções quanto ao cabimento da reclamação, persiste uma questão quanto à eficácia da decisão proferida na SL 125, que foi alvo de agravo regimental do Ministério Público Federal, considerado prejudicado por causa de decisão de mérito proferida na ação civil pública ajuizada perante a Vara Federal de Altamira (PA). “Na forma em que lançada a decisão proferida no agravo regimental, o MPF foi levado a crer que a presidência dessa Corte não mais considerava válida a decisão suspendendo a liminar antes concedida.”

Assim, o parecer da PGR invoca o princípio da proteção à confiança legítima, argumentando que desse princípio decorrem duas consequências possíveis: ou não se considera mais válida a decisão proferida na SL 125, ou se permite a discussão de seus fundamentos, tal como antes pretendido no agravo regimental, que é o que o parecer passa a fazer.

Fundamentos – Segundo o documento, a consulta aos povos indígenas, quanto às medidas administrativas e legislativas que possam afetá-los, é consequência lógica e necessária de sua autodeterminação, ou seja, da possibilidade de traçarem para si, livres da interferência de terceiros, os seus projetos de vida.

“Também decorrência lógica da autodeterminação dos povos indígenas, ideia força de uma sociedade plural, é que a consulta seja prévia. A consulta posterior, quando já consumado o fato sobre o qual se pretende discutir, é mera forma sem substância, incompatível com as liberdades expressivas e a gestão do próprio destino que tanto a Constituição, quanto a Convenção 169/OIT lhes asseguram.”

Para a PGR, a consulta prévia e informada dos povos indígenas consta da maior parte dos documentos internacionais que, de alguma forma, lhes dizem respeito e, além de ser uma norma convencional, é também um princípio geral de direito internacional. O parecer também destaca vários dispositivos da Constituição brasileira que apontam no sentido de um Estado cooperativo.

De acordo com os autores, a exigência constitucional de oitiva prévia das comunidades indígenas afetadas pelo empreendimento se justifica diante de dois objetivos, ambos da maior relevância: de um lado, franquear aos parlamentares o acesso a dados e posições relevantes sobre o tema a ser decidido, possibilitando com isso uma decisão congressual mais bem informada e tendencialmente mais correta; de outro, ela dá aos povos indígenas a chance de acesso ao contraditório na esfera política, garantindo-lhes a possibilidade de tentar influenciar na tomada de decisão parlamentar que lhes atingirá diretamente.

Segundo o parecer, no espaço legislativo, não há real paridade de armas entre os grupos interessados na realização de empreendimentos econômicos de vulto, como a exploração de energia elétrica, e as comunidades indígenas. “Por isso, é tão importante a existência de mecanismo institucional que assegure a voz dos povos indígenas nas deliberações parlamentares que lhes dizem respeito”, afirma.

Por fim, o parecer lança uma pergunta: é possível situar o interesse público apenas na realização da obra? “Essa talvez fosse uma questão de fácil resposta em face de um ordenamento constitucional consagrador de um direito hegemônico. No caso de uma Constituição emancipatória, que assegura os direitos de minorias, impondo limites materiais às decisões das maiorias eventuais, o interesse público não pode ser medido em desconsideração a esses grupos”, alerta.


Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação

11 de setembro de 2012

O Espetáculo das Eleições no Brasil: nem um sinal de luz no fim do túnel

Por  Alexandre Macedo Pereira

“No que se refere ao [neoliberalismo], estamos diante de uma fração do grupo dirigente que quer modificar, não a estrutura do Estado... quer [reforma]...”
Gramsci 

Essa reflexão nasce de uma conversa rápida com um amigo no face. Ele comentava que meus textos estavam revelando minha inclinação para o pensamento de esquerda, portanto, combativo. O respondi que chegando aos quarenta anos, já não via o mundo sob a ótica da juventude, mas, que não dava também, por medo da morte, da velhice não encarar os fatos com austeridade. 

Todavia, fiz a ele uma ressalva: o meu posicionamento ideológico/político, para uma postura dita de esquerda, não se manifestava no campo da política partidária. Foi quando ele me surpreendeu, afirmando que de fato no campo da política partidária, meu discurso não encontraria eco, pois, todos os partidos se organizam sob a lógica da produção do capital. 

Fiquei a pensar a quase trinta dias sobre isso e agora quero aqui compartilhar algumas inquietudes que me assolam. Vejam que interessante: estamos vivendo três momentos bem distintos, mas, interligados, no contexto da política nacional. As Eleições Municipais, o Mensalão e o Caso Cachoeira. 

O primeiro, as eleições, segundo a compreensão liberal, o momento máximo da “liberdade” de um povo. O segundo e o terceiro, feridas expostas de um modelo político e econômico falido, porém, útil para os dominadores detentores do capital. Mais uma vez Engels acerta ao afirmar: “o sufrágio universal é um instrumento de dominação da burguesia”. Querem nos fazer acreditar que o voto, no Estado atual (burguês), é capaz de manifestar verdadeiramente a vontade da maioria dos trabalhadores. 

De posse desses fatos lhes pergunto: Quem são os candidatos que representam uma nova forma de compreender o processo político na sua cidade? Qual a possibilidade real de mudanças no seu município com a eleição de qualquer um dos candidatos? Se lhe fosse facultado o direto de escolher votar ou não, qual seria sua posição hoje? Diante das opções que nos é ofertada é possível exercer a “democracia”? Vou parar por aqui com as perguntas, pois, me parece que todas as respostas seriam negativas. 

Mas, a justiça eleitoral brasileira, burguesa, desconsiderando o desmantelo do processo eleitora do ponto de vista da ética, vinculou uma série publicitária nesse ano, nos estimulando a votar e mais, mostrando que a responsabilidade de mudança do quadro atual é nossa. Uma nítida demonstração de que o Estado, em parceria com mídia burguesa, procura imbecilizar o povo, nós! 

Curiosamente vivemos simultaneamente ao processo eleitoral, dois grandes escândalos políticos e econômicos. É o momento oportuno para destacar que os réus destes dois processos são políticos, partidos, contraventores, empresários e empresas. Não seria interessante lembrar que alguns dos protagonistas do mensalão estão no parlamento, fizeram parte do governo Lula e Dilma? 

Ou será que a tragédia ética que assola esse país se desfez com o pedido de desculpa do Santo Lula, quando da explosão pública do escândalo? Seria o povo culpado por Lula e Haddad se abraçarem com Deus e o Diabo para tentar garantir o seu projeto de poder em São Paulo? 

Como pensar um projeto político inovador se “esquerda”, “centro esquerda” e direta não se distinguem nem quanto ao conteúdo e nem quanto à forma. Sem querer ser cético, estamos encurralados, sem condições de opção. O resultado disso são as distorções, cada vez mais aparente do sistema. 

É verdade que esse processo de exposição controlada da podridão do sistema capitalista não representa sua aniquilação, é verdade que não faremos revolução por votos e nem essa democracia deve ser cultuada como melhor modelo de organização social. A democracia burguesa nos dá o “direito” de dizer sim ou não em um contexto de pouca ou quase nenhuma capacidade de mobilidade nessa escolha. Segundo Engels: “Na República Democrática”, “a riqueza utiliza-se do seu poder indiretamente, mas com maior segurança”, primeiro pela “corrupção pura e simples dos funcionários”, depois pela “aliança entre Governo e a Bolsa”. 

Que tal democratizar a saúde e educação pública de qualidade e para a classe trabalhadora? Ah, ela já está democratizada, pois, esse é o máximo que a democracia burguesa pode oferecer: palavras vazias. 



Rio Grande, 08 de agosto de 2012 


5 de setembro de 2012

MPF recorre para que o Supremo paralise novamente obras de Belo Monte



Recurso foi para o próprio presidente Carlos Ayres Britto. Se ele não reconsiderar sua decisão, caso deverá ser analisado pelo plenário

O Ministério Público Federal entrou hoje com recurso no Supremo Tribunal Federal para que seja paralisada a construção da hidrelétrica de Belo Monte até que sejam realizadas as consultas aos indígenas afetados pela usina. As obras foram autorizadas a continuar na semana passada por uma liminar do presidente do STF, Carlos Ayres Britto, que suspendia uma decisão anterior, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, favorável à consulta. O recurso do MPF pede que o próprio Ayres Britto reconsidere sua decisão. Se ele não concordar, o caso vai ser examinado pelo plenário do Supremo.

O recurso do MPF é um agravo regimental e deu entrada hoje (04/09), com assinaturas de Roberto Gurgel, procurador-geral da República, e da vice-procuradora-geral Deborah Duprat. Eles sustentam que, de acordo com a Constituição brasileira e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, os índios devem ser consultados pelo Congresso Nacional antes de qualquer decisão que possa afetar sua sobrevivência, como é o caso das obras da usina de Belo Monte.

Afirmam ainda que a reclamação, recurso utilizado pela Advocacia Geral da União para suspender a decisão do TRF1, não é a via correta para resolver o processo, porque se sustenta em uma decisão provisória da então presidente do STF, ministra Ellen Gracie. Para o MPF, “só seria possível o manejo da reclamação para preservar a declaração de constitucionalidade do decreto legislativo 788 (que autorizou Belo Monte), se esta fosse uma decisão do plenário do STF, e não uma decisão monocrática da então presidente da Corte”.

Jamais uma decisão proferida em suspensão de liminar pode condicionar o julgamento de mérito da ação principal. De modo que é juridicamente impossível, por meio da reclamação, o pedido de anulação do acórdão proferido em embargos de declaração em apelação cível”, entende o MPF, para quem a decisão do TRF1 se sobrepõe às decisões liminares anteriores e obriga a paralisação das obras.

Gurgel e Duprat afirmam também que a Constituição brasileira inaugura, em 1988, novas premissas de cidadania para os povos indígenas, desrespeitadas pelo Congresso Nacional no decreto que autorizou Belo Monte. “O objetivo do constituinte foi empoderar as comunidades indígenas, concebendo-as como sujeito e não como objeto da ação estatal, e permitindo-as lutar pelos seus próprios direitos em todas as esferas”, dizem.

Não se pode considerar conforme à democracia e ao devido processo legislativo uma decisão parlamentar que pode afetar direta e profundamente uma comunidade indígena, sem que se assegure a esse grupo étnico pelo menos o direito a voz, pelo menos a possibilidade de tentar influenciar o convencimento dos parlamentares, cuja decisão afetará o seu destino”, diz o recurso do MPF, para concluir: “a consulta posterior, quando já consumado o fato sobre o qual se pretende discutir, é mera forma sem substância, incompatível com as liberdades expressivas e a gestão do próprio destino que tanto a Constituição, quanto a Convenção 169/OIT lhes asseguram”.

Todos os detalhes: http://www.prpa.mpf.gov.br/news/2012/mpf-recorre-para-que-o-supremo-paralise-novamente-obras-de-belo-monte

Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação

9 de agosto de 2012

Entre heróis e empecilhos, os atuais capachos do capital

No dia internacional dos povos indígenas compartilho esse texto com vocês. O texto desnuda, para além do discurso oficial, o retrocesso nas políticas públicas para as populações tradicionais no Brasil. Uma boa leitura e bom dia de luta para todos os povos da floresta e seus aliados.

Fonte da notícia: Cleber César Buzatto - Secretário Executivo do Cimi


Lula e Dilma adotaram uma fórmula de governança altamente danosa aos povos indígenas, quilombolas e campesinos que dependem da terra e do território para a sobrevivência física e cultural no Brasil. Essa fórmula associa ao menos dois grandes instrumentos, o incentivo político e financeiro a um modelo econômico desenvolvimentista, altamente dependente da exportação de produtos primários, e a aposta na “desmobilização social”, com no uso indiscriminado de “inibidores sociais”, a fim de manter sob controle as potenciais tensões resultantes de sua opção. 

Lula foi eleito, em 2002, com o voto dos “pequenos do campo” das mais distantes e diferentes regiões do país, sob o signo da esperança, o que provocou um tsunami de expectativas de que finalmente seriam realizadas no país as mudanças estruturantes pelas quais essas populações vinham lutando e dando a vida historicamente. Era forte o sentimento de que o novo governo adotaria medidas efetivas e eficazes no intuito de implementar uma reforma agrária e agrícola ampla e profunda, de acelerar os procedimentos administrativos de reconhecimento, demarcação e titulação de terras indígenas e quilombolas, de proteger o meio ambiente e as lideranças sócio-populares, combatendo, dessa maneira, a sanha voraz e assassina dos grandes proprietários de terras do país e mudando a injusta estrutura fundiária brasileira. 

A traição à confiança e às expectativas dos setores populares do campo brasileiro não demorou vir à tona. Já nos primeiros meses de 2003, todos os indicativos apontavam, inequivocamente, que o novo governo havia optado pelo “desenvolvimentismo” como modelo econômico. Resultou, como consequência dessa opção, a escolha dos atores que iriam implementá-lo, e que por isso deveriam ser “incentivados”, bem como, daqueles setores que, por representarem riscos à sua implementação, precisariam ser “combatidos”. 

O fato de Lula ter chamado os usineiros plantadores de cana de “heróis” nacionais, eles que são reconhecidos destruidores do meio-ambiente, muitos dos quais exploradores de mão-de-obra escrava em suas usinas e alguns, inclusive, responsáveis pelo assassinato de centenas de lideranças populares na disputa pelas terras ao longo da história, e se referido publicamente aos povos indígenas como “empecilhos” ao desenvolvimento do país situa-se nesse contexto. 

Ao radicalizar a opção pelo desenvolvimentismo, o governo Dilma aprofunda a retração dos processos de reconhecimento, demarcação e titulação de terras indígenas e quilombolas; instala um verdadeiro “Estado de exceção” ao publicar a Portaria 303/2012 na tentativa de rever procedimentos já finalizados de demarcação e de facilitar a exploração das terras indígenas; retira completamente de pauta a temática da reforma agrária, sem nem ao menos ter sido promovida a atualização dos índices de produtividade que remontam à década de 1970. A desidratação orçamentária e a desestruturação dos órgãos públicos, Funai e Incra, também podem ser situadas neste contexto da opção feita por Lula/Dilma. 

Neste ínterim, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) constitui-se no instrumento ideológico e financeiro, impositivo e agressivo, posto em prática a qualquer custo com a finalidade de implementar o modelo adotado. No que diz respeito ao campo, tudo tem sido feito para favorecer a apropriação e a exploração dos territórios, bem como o deslocamento das commodities agrícolas e minerais até os portos das mais diferentes regiões brasileiras. Para isso, o que efetivamente está na pauta governamental é a construção de rodovias, ferrovias, hidrovias, hidroelétricas. 

Olhando por este viés, podemos afirmar que Lula e Dilma são os atuais instrumentos usados pelo capital para efetivar os seus interesses. Fazem, com o PAC, o mesmo papel de “capachos” feito pelos militares e o seu “Milagre Brasileiro”, assim como, por Fernando Henrique Cardoso e o seu “Avança Brasil”. 

Neste sentido, a imagem de Lula, de mãos dadas e com sorriso no rosto, celebrando a aliança com Paulo Maluf na disputa pela Prefeitura de São Paulo, e a imagem da presidente Dilma de braços dados e sendo lançada a reeleição por Kátia Abreu, no anúncio do Plano Safra 2012, devem continuar nos indignando, mas não mais deveriam nos surpreender. 

Cientes de que essa opção poderia resultar em instabilidades inclusive junto a setores sociais historicamente aliados, como complemento à fórmula de governança, Lula e Dilma vêm apostando fortemente num instrumento político que poderíamos denominar de “desmobilização social”. Para implementá-lo, os governos Lula/Dilma tem-se agarrado numa ampla gama de “inibidores sociais”. Tais inibidores são constituídos por diferentes estratagemas. Citamos três deles que, a nosso ver, tem sido mais eficazes. 1) a adoção massiva de programas governamentais de cunho assistencial, que retira muitas pessoas das fileiras das lutas por mudanças mais profundas; 2) o uso da imagem e a ação empedernida de sujeitos remanescentes de movimentos e organizações sociais nas fileiras governamentais, que buscam “amaciar” a relação entre estes movimentos e o governo; 3) a criminalização/repressão às lideranças e segmentos da sociedade organizada que insistem nas lutas por mudanças estruturantes no campo e no enfrentamento às conseqüências advindas da opção governamental. A criminalização de militantes e organizações sociais em curso no caso da UHE Belo Monte é um exemplo típico deste último estratagema governamental. 

Relativamente ao campo brasileiro, a “desmobilização social” somada aos “incentivos” estatais em curso tem produzido um exponencial fortalecimento de atores políticos altamente reacionários, a saber, as empresas multinacionais que controlam o sistema de produção de commodities agrícolas, os fazendeiros-latifundiários e o grupo que lhes dá sustentação no Congresso Nacional, os ruralistas. A devastação do Código Florestal e o ataque ferrenho aos direitos dos povos indígenas e quilombolas, por meio da PEC 215, são dois exemplos que se situam nessa correia, sem limites e sem escrúpulos, de violências e interesses deste setor minoritário e historicamente privilegiado em nosso país. 

No campo político, não custa lembrar que, no Paraguai, o golpe contra o presidente Lugo foi planejado, financiado e executado por estes mesmos atores. 

Diante desse contexto de total atrelamento governamental com as forças reacionárias do agronegócio no Brasil e a conseqüente falta de compromisso para com os povos indígenas, quilombolas e campesinos, a estes não resta outra alternativa senão empunhar as “bandeiras” e ir para o enfrentamento sem qualquer tipo de subterfúgio e amarras, sejam elas históricas, partidárias e/ou financeiras. 

Nas ruas, nas ocupações, nas retomadas das terras invadidas pelo agronegócio, com os povos do campo, sempre e de cabeça erguida, “sem medo de ser feliz” e sem medo dos atuais capachos do capital em nosso país. 

Brasília, DF, 1º de agosto de 2012.

30 de julho de 2012

A Crise Ambiental e a Tragédia Humana


Por Alexandre Macedo



Durante o mês de julho, viajando pelo interior do Estado do Pará, pude rever algumas situações, que embora sejam recorrentes e estejam presentes em todos os lugares, ainda me chamam a atenção e causam indignação. 

Chama-me atenção o fato de que miséria e “desenvolvimento”, nesse modelo, não são antagônicos. Os lugares (região sudeste do Estado do Pará) por onde passei são considerados como modelos de “desenvolvimento econômico” (mineração, comércio, agropecuária etc.), mas, são também, referências em violência no campo e nas cidades, corrupção, degradação da vida humana, degradação da floresta amazônica etc. Nessa lógica de organização social e econômica, miséria e “desenvolvimento” são “complementares”. 

Fonte: Arquivo pessoal
Morador de rua dormindo em Marabá
As pessoas perderam a importância e assumiram historicamente um papel secundário no “espetáculo da vida” promovido pelo sistema capitalista. Na atual conjuntura, não há “problema” algum em ver seres humanos jogados nas calçadas, dormindo sob as marquises, ou bilhões de pessoas morrerem de fome. É “natural” sistemas corruptos e pessoas morrerem nos corredores dos hospitais e postos de saúde etc. 

A vida humana não é central nesse processo, e por isso, nos debates ambientais os homens são protagonistas (e ao mesmo tempo são) vilões. Matar pessoas não é tão grave, basta olhar quantas pessoas morrem no Brasil sem ninguém ser responsabilizado. A violência não é entendida como uma questão ambiental (Porque deveria ser questão ambiental?). Nesse modelo, direito é privilégio e indignação é “vandalismo”. 

Todo o cenário de horror que vivemos não passa de um breve momento de transição, dizem os “donos” do poder. O Brasil melhorou, dizem sugadores políticos. Não podemos oferecer ajustes salariais por causa da crise econômica mundial, falam os ministros, mas, gastam bilhões em copa do mundo, olimpíadas e privilégios para manter a elite política do país. 

Fonte: Arquivo pessoal
Foto de um cartaz fixado na UFPA/Campus Marabá
Os debates ambientais precisam incluir, sem medo, as pessoas na centralidade da vida no planeta terra. Haja vista, que não há sentido para a humanidade o Planeta Terra sem pessoas. Precisamos entender que debates que separam o homem do ambiente é uma arma ideológica a serviço da burguesia que vê o outro como “coisa” de menor valor. A responsabilização dos danos ambientais aos indivíduos, como se todos fossem “iguais” em todas as dimensões, nada mais é que um erro epistemológico, ideológico, político engradado pelo bloco histórico dominante em todas as esferas da sociedade civil com o objetivo de exercer o controle. 

A crise ambiental posta pelos idealistas é uma armadilha, pois, se propõe crítica, mas, não ataca a essência do problema. Não se supera a problemática ambiental mantendo o modelo econômico capitalista. A revolução consiste em resgatar o homem para o centro do debate e construir mecanismos que determine a destruição definitiva do sistema de produção do capital. Salvar o planeta implica em salvar a humanidade, resgatar o sentido do trabalho socialmente útil, destruir a propriedade privada e instituir o socialismo. 

26 de julho de 2012

Mais uma do Duciomar: ponte outeiro-mosqueiro

A Prefeitura de Belém está ficando profissional em mascarar audiências públicas. Ontem, promoveu uma reunião com pouco mais de 60 moradores (que chamou de audiência pública) para discutir a construção da ponte de 1,5 km que ligará o distrito do outeiro ao mosqueiro. Sem apresentar um plano consistente (o que tem sido regra geral como, por exemplo, o BRT que até hoje ninguém viu o projeto) o técnico da prefeitura informou que não existe um projeto concluído, mas já adiantou que estão acelerando o processo de licenciamento ambiental. Só pra lembrar: o Dudu havia anunciado que o projeto estaria pronto em abril de 2009, mas como sempre...


O anuncio irresponsável da tal ponte já vem provocando fortes movimentos de invasão e especulação imobiliária na floresta da baia de Santo Antônio, na ilha de Caratateua, que já está totalmente devastada. A obra está projetada para ser construída em área de proteção permanente (APP) e impacta, além das áreas de florestas remanescentes, duas grandes bacias hidrográficas (rio mari-mari e rio pratiquara) na ilha de Mosqueiro. A prefeitura deveria, no mínimo, proteger essas áreas antes de fazer anúncios irresponsáveis, mas parece que trabalha sempre com a lógica do fato consumado.

Será que a SEMMA não vê isso? E o Ministério Público? Alô movimentos sociais!!! Tá na hora de entrar em campo.


18 de julho de 2012

Senadores e Deputados que respondem a inquéritos ou ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF)

Levantamento da Revista Congresso em Foco no STF revelou que quase duas centenas de parlamentares respondem no Supremo Tribunal Federal (STF) a inquéritos ou ações penais. A lista abaixo detalha quem são os senadores e deputados com processso no STF. Clique em cada um dos nomes para ver a que ações os parlamentares respondem e o que eles dizem em sua defesa. Tem paraenses na lista, confira.


Confira a lista completa:

Senadores

Acir Gurgacz (PDT-RO)

Alfredo Nascimento (PR-AM)

Antônio Russo (PR-MS)

Blairo Maggi (PR-MT)

Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)

Cícero Lucena (PSDB-PB)

Clésio Andrade (PMDB-MG)

Demóstenes Torres (sem partido-GO)

Eduardo Amorim (PSC-SE)

Fernando Collor (PTB-AL)

Flexa Ribeiro (PSDB-PA)

Gim Argello (PTB-DF)

Ivo Cassol (PP-RO)

Jader Barbalho (PMDB-PA)

Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)

Jayme Campos (DEM-MT)

João Ribeiro (PR-TO)

Jorge Viana (PT-AC)

Lindbergh Farias (PT-RJ)

Lúcia Vânia (PSDB-GO)

Luiz Henrique (PMDB-SC)

Mário Couto (PSDB-PA)

Marta Suplicy (PT-SP)

Renan Calheiros (PMDB-AL)

Roberto Requião (PMDB-PR)

Romero Jucá (PMDB-RR)

Sérgio Petecão (PSD-AC)

Valdir Raupp (PMDB-RO)

Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)

Wellington Dias (PT-PI)

Zezé Perrella (PDT-MG)



Deputados

Abelardo Camarinha (PSB-SP)

Abelardo Lupion (DEM-PR)

Ademir Camilo (PSD-MG)

Aelton Freitas (PR-MG)

Aguinaldo Ribeiro (PP)

Alberto Mourão (PSDB-SP)

Alexandre Roso (PSB-RS)

Alfredo Kaefer (PSDB-PR)

Aline Corrêa (PP-SP)

André Moura (PSC-SE)

Aníbal Gomes (PMDB-CE)

Anthony Garotinho (PR-RJ)

Antônia Lúcia (PSC-AC)

Antonio Bulhões (PRB-SP)

Armando Vergílio (PSD-GO)

Arnaldo Jordy (PPS-PA)

Arthur Lira (PP-AL)

Asdrubal Bentes (PMDB-PA)

Assis Carvalho (PT-PI)

Assis Melo (PCdoB-RS)

Audifax (PSB-ES)

Benjamin Maranhão (PMDB-PB)

Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG)

Beto Mansur (PP-SP)

Bonifácio de Andrada (PSDB-MG)

Carlaile Pedrosa (PSDB-MG)

Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO)

Carlos Bezerra (PMDB-MT)

Carlos Magno (PP-RO)

Carlos Melles (DEM-MG)

Carlos Souza (PSD-AM)

César Halum (PSD-TO)

Cleber Verde (PRB-MA)

Dalva Figueiredo (PT-AP)

Danilo Forte (PMDB-CE)

Décio Lima (PT-SC)

Delegado Protógenes (PCdoB-SP)

Dilceu Sperafico (PP-PR)

Dimas Fabiano (PP-MG)

Domingos Sávio (PSDB-MG)

Edinho Araújo (PMDB-SP)

Édio Lopes (PMDB-RR)

Edmar Arruda (PSC-PR)

Edson Ezequiel (PMDB-RJ)

Eduardo Azeredo (PSDB-MG)

Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

Eduardo Gomes (PSDB-TO)

Eleuses Paiva (PSD-SP)

Eliene Lima (PSD-MT)

Emanuel Fernandes (PSDB-SP)

Erika Kokay (PT-DF)

Esperidião Amin (PP-SC)

Fábio Ramalho (PV-MG)

Fernando Jordão (PMDB-RJ)

Fernando Marroni (PT-RS)

Flávia Morais (PDT-GO)

Flaviano Melo (PMDB-AC)

Gabriel Chalita (PMDB-SP)

Genecias Noronha (PMDB-CE)

Geraldo Resende (PMDB-MS)

Geraldo Simões (PT-BA)

Giacobo (PR-PR)

Giroto (PMDB-MS)

Gorete Pereira (PR-CE)

Henrique Oliveira (PR-AM)

Homero Pereira (PSD-MT)

Hugo Napoleão (PSD-PI)

Izalci (PR-DF)

Jairo Ataíde (DEM-MG)

Jânio Natal (PRP-BA)

Jaqueline Roriz (PMN-DF)

Jefferson Campos (PSD-SP)

Jhonatan de Jesus (PRB-RR)

Jilmar Tatto (PT-SP)

João Carlos Bacelar (PR-BA)

João Lyra (PSD-AL)

João Magalhães (PMDB-MG)

João Maia (PR-RN)

João Paulo Cunha (PT-SP)

João Paulo Lima (PT-PE)

Joaquim Beltrão (PMDB-AL)

Jorge Boeira (PSD-SC)

José Augusto Maia (PTB-PE)

José Linhares (PP-CE)

José Nunes (PSD-BA)

José Otávio Germano (PP-RS)

José Priante (PMDB-PA)

José Stédile (PSB-RS)

Josias Gomes (PT-BA)

Júlio Campos (DEM-MT)

Júlio Lopes (PP-RJ)

Júnior Coimbra (PMDB-TO)

Junji Abe (PSD-SP)

Leonardo Quintão (PMDB-MG)

Leonardo Vilela (PSDB-GO)

Lincoln Portela (PR-MG)

Lira Maia (DEM-PA)

Luiz Argôlo (PP-BA)

Luiz Carlos Setim (DEM-PR)

Luiz Pitiman (PMDB-DF)

Manoel Salviano (PSD-CE)

Marçal Filho (PMDB-MS)

Marcelo Matos (PDT-RJ)

Márcio Reinaldo Moreira (PP-MG)

Marco Tebaldi (PSDB-SC)

Márcio França (PSB-SP)

Marcos Montes (PSD-MG)

Mário Feitoza (PMDB-CE)

Maurício Quintella Lessa (PR-AL)

Maurício Trindade (PR-BA)

Mendonça Filho (DEM-PE)

Natan Donadon (PMDB-RO)

Nelson Bornier (PMDB-RJ)

Nelson Marquezelli (PTB-SP)

Newton Cardoso (PMDB-MG)

Newton Lima (PT-SP)

Nilson Leitão (PSDB-MT)

Osmar Terra (PMDB-RS)

Oziel Oliveira (PDT-BA)

Padre Ton (PT-RO)

Paes Landim (PTB-PI)

Pastor Marco Feliciano (PSC-SP)

Paulo César Quartiero (DEM-RR)

Paulo Maluf (PP-SP)

Paulo Pereira da Silva (PDT-SP)

Pedro Henry (PP-MT)

Pedro Uczai (PT-SC)

Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO)

Raimundão (PMDB-CE)

Ratinho Júnior (PSC-PR)

Renan Filho (PMDB-AL)

Roberto Balestra (PP-GO)

Roberto Britto (PP-BA)

Roberto Santiago (PSD-SP)

Rogério Marinho (PSDB-RN)

Romário (PSB-RJ)

Ronaldo Benedet (PMDB-SC)

Sabino Castelo Branco (PTB-AM)

Sandes Júnior (PP-GO)

Sandro Mabel (PMDB-GO)

Sebastião Bala Rocha (PDT-AP)

Sérgio Moraes (PTB-RS)

Sibá Machado (PT-AC)

Silas Câmara (PSD-AM)

Silvio Costa (PTB-PE)

Stepan Nercessian (PPS-RJ)

Sueli Vidigal (PDT-ES)

Takayama (PSC-PR)

Teresa Surita (PMDB-RR)

Valdemar Costa Neto (PR-SP)

Valmir Assunção (PT-BA)

Vander Loubet (PT-MS)

Vilalba (PRB-PE)

Vitor Paulo (PRB-RJ)

Walney Rocha (PTB-RJ)

Washington Reis (PMDB-RJ)

William Dib (PSDB-SP)

Wladimir Costa (PMDB-PA)

Zé Vieira (PR-MA)

Fonte: CONGRESSO EM FOCO

Por que os Verdes apoiam Arnaldo Jordy?

17 de julho de 2012

Congresso em foco: De homicídio a sequestro, os crimes no Congresso

Suspeitas contra quatro parlamentares no STF vão de desvio bilionário a homicídio, passando por associação ao tráfico de drogas e sequestro

por Edson Sardinha | 17/07/2012 07:00


Homicídio, sequestro e associação ao tráfico de drogas. Acusações que levam milhares de brasileiros pobres à cadeia todos os anos, quem diria, também chegaram ao Congresso Nacional, somando-se às tradicionais denúncias de desvio e mau uso do dinheiro público. Essas suspeitas ajudam a compor o eclético repertório das centenas de processos a que respondem parlamentares no Supremo Tribunal Federal (STF), órgão responsável por investigar e julgar criminalmente deputados e senadores.

Conhecer detalhes dos processos em andamento no Supremo é dar de frente com as vísceras do sistema político brasileiro. O Congresso em Foco selecionou quatro casos que, devido à gravidade das denúncias, chamam o eleitor à reflexão. Afinal, quem foi escolhido pela população para legislar em nome dela deveria ser visto como exemplo para toda a sociedade. Mas nem sempre é assim.

Um dos vice-líderes do recém-criado PSD na Câmara, o deputado Carlos Souza (AM) é o único parlamentar que responde a processo no Supremo por associação ao tráfico de drogas. Ex-governador de Mato Grosso, o deputado Júlio Campos (DEM-MT) é suspeito de ter encomendado a morte de duas pessoas. O primeiro não comenta o assunto; o segundo contesta a denúncia.

Na Câmara desde o início de 2011, o ex-prefeito de Pacaraima (RR) Paulo César Quartiero (DEM-RR), que ficou conhecido nacionalmente por liderar os arrozeiros em um sangrento conflito por terras entre indígenas e não indígenas na reserva Raposa Serra do Sol, é acusado de sequestro e cárcere privado, entre outras coisas, nas 14 investigações (seis já transformadas em ações penais) que acumula no STF. Quartiero é hoje o congressista com mais pendências judiciais na mais alta corte do país. Todas, segundo ele, motivadas por perseguição política em razão de seu papel como líder dos arrozeiros.

Excluídos os deputados, o senador com mais problemas na Justiça atualmente é Jader Barbalho (PMDB-PA), que só tomou posse no final do ano passado, meses depois de o Supremo decidir que a Lei da Ficha Limpa só valerá a partir deste ano. São cinco ações penais e dois inquéritos. Contra o ex-presidente do Senado, que renunciou ao mandato em 2001 para escapar da cassação em meio a uma série de denúncias, não pesa suspeita de envolvimento com tráfico de drogas, homicídio ou sequestro. Mas a de fazer parte de uma quadrilha acusada de desviar cerca de R$ 1 bilhão da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Ninguém na cadeia

No Brasil, congressistas e outras autoridades só podem ser investigados e julgados criminalmente pela mais alta corte do país. O chamado foro privilegiado foi instituído para evitar eventuais perseguições políticas locais. Mas, por meios tortos, acabou virando um atrativo para a vida política: até 2010, os ministros do Supremo jamais haviam condenado qualquer parlamentar brasileiro.

De lá para cá, no entanto, seis foram condenados. Dois escaparam da punição porque seus casos já estavam prescritos na data do julgamento. Outros três, condenados à prisão, ainda contestam a decisão da Justiça. Dois deles, inclusive, seguem no exercício do mandato, Asdrubal Bentes (PMDB-PA) e Natan Donadon (PMDB-RO).

11 de julho de 2012

Arrozeiros no Marajó: precaução, para depois não chorarmos o mingau de arroz derramado

A Federação da Agricultura do Estado do Pará (FAEPA) e, agora, a Associação Comercial do Pará (ACP) resolveram transformar os arrozeiros, desintrusados pelo Governo Federal da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em Roraima, nos paladinos do "desenvolvimento sustentável" do arquipélago do Marajó.

Essa semana, um invasor de terras indígenas e criminoso ambiental, proferiu palestra em Belém sobre o novo futuro do Marajó, mas sem apresentar um único dado que possa dar segurança ao povo do Pará quanto as consequências do desenvolvimento da cultura para os ecossistemas marajoaras e como pretende reverter a situação de pobreza de seu povo (esse último argumento utilizado como um mantra na boca dos ruralistas, mas sem explicações consistentes sobre como isso vai ocorrer).

Quem assegura essa promessa? O deputado federal Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR), possuidor de uma extensa folha corrida de de crimes contra o meio ambiente e os direitos humanos:
  • A ação penal 7701-08.2010.4.01.4200 investiga sequestro, cárcere privado, roubo e dano. O Ministério Público Federal acusa o deputado de coordenar uma invasão à missão religiosa do Surumu, em Roraima, em janeiro de 2004. O MPF afirma que várias pessoas teriam invadido o local, destruído bens e sequestrado três padres. Na mesma data, de acordo com a denúncia, outro grupo invadiu a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Boa Vista. Quartiero também foi acusado de participar da invasão.*
  • Ação penal, de número 2009.42.00.001851-7, se refere a desobediência e desacato. O desacato teria sido contra um delegado da Polícia Federal. A denúncia relata que, no dia 31 de março de 2008, uma das pontes de acesso à terra indígena Raposa Serra do Sol foi bloqueada por tratores, veículos e moradores. O MPF afirma que Quartiero desobedeceu a ordem de desobstruir o caminho e ofendeu o delegado.*
  • Ação penal, nº 2009.42.00.001904-6, que apura sequestro, cárcere privado e furto qualificado. A ação foi suspensa em outubro do ano passado por diligência solicitada a outro juízo.* 
  • Auto de infração IBAMA nº 253133-D de 18 janeiro 2005, por crimes ambientais cometidos na fazenda Depósito.
  • Auto de infração IBAMA nº 254036-D 18 janeiro 2005, por crimes ambientais cometidos na fazenda providência ( Quartiero recebeu um total de R$30,6 milhões em multas por crimes ambientais).
O currículo do deputado não nos inspira confiança, mas torno a dizer que que não sou a priori contra a existência da atividade no Marajó. Contudo o negócio começou mal ao não serem realizados os estudos de impacto e o licenciamento ambiental, como declarado pela SEMA nos jornais. O que começa mal certamente terminará mal.

Além disso, a fragilidade do Governo do Estado não nos assegura nada. Por exemplo, a Diretoria de Áreas Protegidas da SEMA, que conta com pouco mais de meia duzia de aguerridos funcionários, é responsável pela fiscalização de 21.141.798ha de unidades de conservação no Estado. Dá pra dormir com um barulho desse? 

Estruturar essa Diretoria e dar condições de trabalho aos técnicos com a implantação de um laboratório de sensoriamento remoto digno da grandiosidade da tarefa, além de realizar o zoneamento do Marajó numa escala adequada (1:100.000 pelo menos) para promover o ordenamento das atividades econômicas, não deveria ser "dever de casa" do governo antes da implantação de projetos dessa envergadura?

Digo isso tudo para afirmar que sem um amplo debate com a sociedade paraense e, em particular, com os Marajoaras, não será possível prever e até propor ações de compensação e mitigação dos danos socioambientais que poderão ser causados pela atividade.

Precaução, meus caros, para depois não chorarmos o mingau de arroz derramado!

* Fonte: G1 Política
** Fonte: IBAMA

6 de julho de 2012

Código Florestal:O Jogo Não Acabou, Vamos Apitar Esta Partida


No dia 10 de julho a comissão mista que analisa a Medida Provisória (MP 571/12), votará o texto final que altera o novo Código Florestal e não podemos dar tregua aos inimigos de nossas florestas e recursos hídricos.
Vamos mostrar que para nós  a “Floresta Faz a Diferença” ajudando na mobilização e enviando emails para os integrantes da comissao mista lembrando a eles que estamos de olho e que podem levar um cartão vermelho da sociedade brasileira.
Pelo site www.florestafazadiferenca.org.br, você pode enviar emails para os integrantes da comissão mista, lembrando a eles que podem receber “cartão vermelho”. O mote desta nova fase da campanha é “O Jogo Não Acabou, Vamos Apitar Esta Partida”. No site você terá a oportunidade de ter informações sobre as mudanças propostas, além de acompanhar as notícias mais recentes, assistir vídeos, baixar música e fazer ciberativismo pelas redes sociais. Vamos fazer a diferença!